domingo, 13 de outubro de 2019

O Inimigo dorme

Siba

Já que sabemos viver só do que a mão alcançar
Também podemos sonhar, sem dormir
Quem vem de terra alta sente sempre falta
Do que não pode existir, se encolhemos até ser impossíveis de esmagar,
Dar-se um jeito de escapar, sem fugir,
Já que nada temos só carregaremos peso que ajude a subir,
Praticando não saber nada do lado de lá
Um brilho do que não há, vem cobrir
Nossa pela escura capa de armadura nada pode destruir,
Toda vez que esmorecer a vontade de cantar
Vai sempre um doido gritar “tamo afim”
De festa enquanto dorme o inimigo enorme, neles em nós e em mim.

Coruja muda - Siba


Alô amigo
Eu vim aqui perguntar
Se você pode tirar
Em breve uma foto minha
Não é nadinha
De motivo especial
Só uma foto normal
Que eu pretendo emoldurar
Pois quando o tempo passar
Pode ser que ela até faça
Parte de um museu sem graça que ninguém quer visitar
(Parte de um museu sem graça que ninguém quer visitar)

Na foto eu quero
Vale, montanha, horizonte
Floresta cobrindo o monte
Neblina engrossando o ar, pra quem olhar
Dizer que até está sentindo
Cheiro de chuva e ouvindo
Um trovão no bombardeio
Não é bonito e nem feio
Tudo de nuvem coberto
O longe abraçando o perto e a tempestade no meio
(O longe abraçando o perto e a tempestade no meio)

Não se incomode
Se de repente os insetos
Venham da mata, inquietos
Voando sem direção, perceba então
Fora do enquadramento
Que o tempo passa mais lento
E o menino dá risada
Brinca ligando pra nada
Lindo, correndo e pulando
E diz pra mim, vez em quando, você não sabe de nada
(E diz pra mim, vez em quando, você não sabe de nada)

Não tenha pressa
Pode esperar descansado
Que o vento muda de lado
E empurra a nuvem no ar pra o Sol passar
Dentro da chuva um momento
Fazendo a barba do vento
Ficar da cor de urucum
Faça uma foto comum
Do tempo dando um passeio
Se eu nem estiver no meio, não tem problema nenhum
(Se eu nem estiver no meio, não tem problema nenhum)

Pois se eu tivesse
Minha imagem controlada
Só uma foto e mais nada
De mim eu permitira, nela estaria
Meu rosto de meia idade
Olhando muito à vontade
Como quem está meditando
Só quem demorasse olhando
Veria a Coruja Muda
Que ri de mim quando estuda tudo que eu disse cantando
(Que ri de mim quando estuda tudo que eu disse cantando)

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Hola amigo
vine a preguntar
si puedes tomar
en breve una foto mía
No es nada
no hay una razón especial
solo una foto normal
que pretendo enmarcar
porque cuando el tiempo pase
tal vez ella incluso forme
parte de un museo aburrido que nadie quiera visitar
(parte de un museo aburrido que nadie quiera visitar)

En la foto quiero
valle, montaña, horizonte
bosque que cubre la colina
niebla espesando el aire, para aquellos que la miren
que digan incluso que sienten
el olor a la lluvia y escuchan
el trueno en el bombardeo
no es bonita ni fea
está todo de nubes cubierto
lo lejano abrazando lo cercano y la tormenta en el medio
(lo lejano abrazando lo cercano y la tormenta en el medio)

No te molestes
si de repente los insectos
vienen del bosque, inquietos
volando sin dirección, nota entonces
fuera de marco
que el tiempo pasa más lento
y el chico se ríe
juega llamando a la nada
lindo, corriendo y saltando
y me dice, de vez en cuando, no sabes nada
(y me dice, de vez en cuando, no sabes nada)

No tengas prisa
puedes esperar descansando
que el viento cambie de lado
y empuja la nube en el aire para que pase el sol
dentro de la lluvia un momento
haciendo a la barba del viento
cambiar al color amarillento
haz una foto ordinaria
del tiempo paseando
si ni siquiera estoy en el medio, no hay problema
(si ni siquiera estoy en el medio, no hay problema)

Porque si tuviera
mi imagen controlada
solo una foto y nada más
de mí permitiría, en ella estaría
mi cara de mediana edad
luciendo muy cómodo
como quien está meditando
solo quien se demorase mirando
vería al búho mudo
que se ríe de mí cuando estudia todo lo que dije cantando
(que se ríe de mí cuando estudia todo lo que dije cantando)

1. “Coruja Muda” (ft. Chico César)
Essa foi inspirada em um áudio de Fábio Trummer solicitando ao fotógrafo José de Holanda as condições meteorológicas perfeitas para uma foto ser feita. Discorre sobre o que por ventura venha a ser uma parte de minha parte bicho nessa história toda. Quem canta no final a voz da Coruja é Chico César e o Pajé é Mestre Nico.

sábado, 28 de setembro de 2019

Toda Vez Que Eu Dou Um Passo O Mundo Sai Do Lugar

Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Eu vivo no mundo com medo, do mundo me atropelar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
E o mundo por ser redondo, tem por destino embolar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Desde que o mundo é mundo, nunca pensou de parar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
E tem hora que até me canso de ver o mundo rodar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Quando eu vou dormir eu rezo pro mundo me acalentar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
De manhã escuto o mundo gritando pra me acordar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Ouço o mundo me dizendo: corra pra me acompanhar!
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Se eu correr e ir atrás do mundo vou gastar meu calcanhar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Eu procurei o fim do mundo porém não pude alcançar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Também não vivo pensando de ver o mundo acabar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
Nem vou gastar meu juízo querendo o mundo explicar
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar
E quando um deixa o mundo tem trinta querendo entrar (mas na minha vaga não!)
Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar


Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Yo vivo con miedo, de que el mundo me atropelle
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Y el mundo por ser redondo, tiene por destino hacerte caer rodando
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Desde que el mundo es mundo, nunca pensó en parar
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Y tiene momentos en que hasta me canso de ver al mundo rodar
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Cuando yo me voy a dormir rezo para que el mundo me vaya a calentar
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
De mañana escucho al mundo gritar para despertarme
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Oigo al mundo diciendome: corre para acompañarme
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Si yo corro para ir atrás del mundo, voy a gastar mis talones
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Yo busqué el fin del mundo sin embargo no lo pude alcanzar
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Tampoco vivo pensando en ver al mundo acabar
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Ni voy a gastar mi juicio queriendo explicar al mundo
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar
Y cuando uno deja al mundo tiene treinta queriendo entrar (pero no en mi lugar!)
Toda vez que doy un paso el mundo se sale del lugar

domingo, 24 de março de 2019

Envelhecer - Arnaldo Antunes


A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
Não quero morrer pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pra o que vai acontecer
Eu quero que o tapete voe
No meio da sala de estar
Eu quero que a panela de pressão pressione
E que a pia comece a pingar
Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Eu quero pôr Rita Pavone
No ringtone do meu celular
Eu quero estar no meio do ciclone
Pra poder aproveitar
E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá
Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr
Não quero morrer pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pra o que vai acontecer
Eu quero que o tapete voe
No meio da sala de estar
Eu quero que a panela de pressão pressione
E que a pia comece a pingar
Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Eu quero pôr Rita Pavone
No ringtone do meu celular
Eu quero estar no meio do ciclone
Pra poder aproveitar
E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá.

Amanhã, só amanhã - Arnaldo Antunes

Tempo é tempo, por exemplo
Primeiro dia de aula
Véspera de aniversário
Ou começo de namoro
Pode até perder o sono
Mas amanhã, só amanhã
Amanhã só amanhã
Tempo é tempo, por exemplo
Aquele teto parado
Uma ideia, um pensamento
Gatilho a ser disparado
Pode até virar na cama
Mas amanhã, só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Tempo é tempo, por exemplo
Dentro de um quarto fechado
Ou no centro da cidade
Ensaio de ansiedade
Cabeça fazendo plano
No meio da tempestade
Pode demorar um ano
Ou então a eternidade
Mas amanhã, só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Tempo é tempo, por exemplo
Primeiro dia de aula
Véspera de aniversário
Ou começo de namoro
Pode até perder o sono
Mas amanhã, só amanhã
Amanhã só amanhã
Tempo é tempo, por exemplo
Dentro de um quarto fechado
Ou no centro da cidade
Ensaio de ansiedade
Cabeça fazendo plano
No meio da tempestade
Pode demorar um ano
Ou então a eternidade
Mas amanhã, só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã
Amanhã só amanhã
Amanhã (só amanhã)
(Só amanhã)
Amanhã, amanhã
Só amanhã
Amanhã (só amanhã)

Floreando

Floreando - Fino coletivo

Deu saudade de você
Vem floreando (vem floreando)
Na memória a sua imagem
Não sei dizer (não sei dizer)
Deu saudade de você
Vem floreando (vem floreando)
Na memória a sua imagem
Não sei dizer (não sei dizer)
Ah, sentimento do nada
Me ocorreu uma lágrima
Mas eu boto um sorriso
Olhando o céu, olhando o sol, olhando o mar
Deixando o vento soprar
Olhando o céu, olhando o sol, olhando o mar
Deixando o vento soprar
O momento de partir
A hora de voltar
Tempo solto no ar
Deu saudade de você
Vem floreando (vem floreando)
Na memória a sua imagem
Não sei dizer (não sei dizer)
Deu saudade de você
Vem floreando (vem floreando)
Na memória a sua imagem
Não sei dizer (não sei dizer)
Ah, sentimento do nada
Me ocorreu uma lágrima
Mas eu boto um sorriso
Olhando o céu, olhando o sol, olhando o mar
Deixando o vento soprar
Olhando o céu, olhando o sol, olhando o mar
Deixando o vento soprar
O momento de partir
A hora de voltar
Tempo solto no ar
Uma onda que bateu na praia
E voltou pro alto mar
Uma onda que bateu na praia
E voltou pro alto mar
Uma onda que bateu na praia
E voltou pro alto mar
Uma onda que bateu na praia
E voltou pro alto mar

Na garrafa - Trupe chá de boldo


Não quero gota, não quero gota
Quero você gostoso todo na garrafa
Não quero gota, eu quero gosto
De te tomar inteirinho pra ver se chapa
Não quero ponta, não quero ponta
Quero você feito fumaça na minha boca
Não quero ponta, eu quero tanto
Te fumar inteirinho pra ver se chapa


Chapar - Estar sob o efeito de drogas.