sábado, 23 de fevereiro de 2019

Torovoa

Minha cabeça trovoa
Sob meu peito te trovo
E me ajoelho
Destino canções pros teus olhos vermelhos
Flores vermelhas, vênus, bônus
Tudo o que me for possível
Ou menos
(Mais ou menos)
Me entrego, ofereço
Reverencio a tua beleza
Física também
Mas não só
Não só

Graças a Deus você existe
Acho que eu teria um troço
Se você dissesse que não tem negócio
Te ergo com as mãos
Sorrio mal
Mal sorrio
Meus olhos fechados te acossam
Fora de órbita
Descabelada
Diva
Súbita
Súbita

Seja meiga, seja objetiva
Seja faca na manteiga
Pressinto como você chega
Ligeira
Vasculhando a minha tralha
Bagunçando a minha cabeça
Metralhando na quinquilharia
Que carrego comigo
(Clipes, grampos, tônicos)
Toda a dureza incrível do meu coração
Feita em pedaços

Minha cabeça trovoa
Sob teu peito eu encontro
A calmaria e o silêncio
No portão da tua casa no bairro
Famílias assistem tevê
(Eu não)
Às 8 da noite
Eu fumo um marlboro na rua como todo mundo e como você
Eu sei
Quer dizer
Eu acho que sei
Eu acho que sei

Vou sossegado e assobio
E é porque eu confio
Em teu carinho
Mesmo que ele venha num tapa
E caminho a pé pelas ruas da lapa
(Logo cedo, vapor… acredita?)
A fuligem me ofusca
A friagem me cutuca
Nascer do sol visto da vila ipojuca
O aço fino da navalha me faz a barba
O aço frio do metrô
O halo fino da tua presença

Sozinha na padoca em santa cecília
No meio da tarde
Soluça, quer dizer, relembra
Batucando com as unhas coloridas
Na borda de um copo de cerveja
Resmunga quando vê
Que ganha chicletes de troco

Lembrando que um dia eu falei
"Sabe, você tá tão chique
Meio freak, anos 70
Fique
Fica comigo
Se você for embora eu vou virar mendigo
Eu não sirvo pra nada
Não vou ser teu amigo
Fique
Fica comigo"

Minha cabeça trovoa
Sob teu manto me entrego
Ao desafio de te dar um beijo
Entender o teu desejo
Me atirar pros teus peitos
Meu amor é imenso
Maior do que penso
É denso
Espessa nuvem de incenso de perfume intenso
E o simples ato de cheirar-te
Me cheira a arte
Me leva a marte
A qualquer parte
A parte que ativa a química
Química

Ignora a mímica
E a educação física
Só se abastece de mágica
Explode uma garrafa térmica
Por sobre as mesas de fórmica
De um salão de cerâmica
Onde soem os cânticos
Convicção monogâmica
Deslocamento atômico
Para um instante único
Em que o poema mais lírico
Se mostre a coisa mais lógica

E se abraçar com força descomunal
Até que os braços queiram arrebentar
Toda a defesa que hoje possa existir
E por acaso queira nos afastar
Esse momento tão pequeno e gentil
E a beleza que ele pode abrigar
Querida nunca mais se deixe esquecer
Onde nasce e mora todo o amor

Barato pessado

Venha para nossa congregação (O barato é pesado) Pra entrar não paga nem um tostão (O barato é pesado) Não temos Capela, Igreja e nem Sé (O barato é pesado) Pode vir, nem mesmo precisa fé (O barato é pesado) Você chegou desconfiado Já tá ficando mais relaxado Pode cantar animado Que hoje o seu gelo derrete Quanto mais você repete Mais o Barato é pesado Cante uma, duas, três Depois quatro, cinco, seis Diga se dá resultado Conte sete vezes sete Quanto mais você repete Mais o Barato é pesado Deixe Rivotrill, Diazepan Café, chocolate e o Lexotan Esse teu vazio espiritual Vai passar bem antes do Carnaval Você foi mal acostumado Mas já te vejo regozijado E seu HD travado Parou de pedir reset Quanto mais você repete Mais o Barato é pesado

Vale do Jucá - Siba e a Fuloresta

Era um caminho quase sem pegadas
Onde tantas madrugadas folhas serenaram
Era uma estrada, muitas curvas tortas
Quantas passagens e portas ali se ocultaram
Era uma linha, sem começo e fim
E as flores desse jardim, meus avós plantaram
Era uma voz, um vento, um sussurro
Relampo, trovão e murro nos que se lembraram
Uma palavra quase sem sentido
Um tapa no pé do ouvido
Todos escutaram
Um grito mudo perguntando aonde
Nossa lembrança se esconde
Meus avós gritaram
Era uma dança
Quase uma miragem
Cada gesto, uma imagem dos que se encantaram
Um movimento, um traquejo forte
Traçado, risco e recorte
Se descortinaram
Uma semente no meio da poeira
Chã da lavoura primeira
Meus avós dançaram
Uma pancada, um ronco, um estralo
Um trupé e um cavalo
Guerreiros brincaram
Quase uma queda, quase uma descida
Uma seta remetida, as mãos se apertaram
Era uma festa
Chegada e partida, saudações, despedidas
Meus avós choraram
Onde estará aquele passo tonto
E as armas para o confronto, onde se ocultaram?
E o lampejo da luz estupenda que atravessou a fenda
Que tantos enxergaram
Ah se eu pudesse, só por um segundo
Rever os portões do mundo que os avós criaram

sábado, 16 de fevereiro de 2019

qasida - Siba

Qasida
Siba

Lembro bem do momento em que parti
Só não sei quantas vezes retornei
Como sempre, na hora em que cheguei
Me dei conta que errei voltando aqui
As ruínas da casa estão aí
Só paredes em pé, não tem telhado
Falta porta, está tudo escancarado
Mas o ar não se mexe pra passar
Já vi tudo, só falta acreditar
Que o portão do retorno está trancado

Não adianta tirar de onde não tem
Nem tentar encaixar onde não cabe
Sem saber alguém tenta, e quando sabe
Já não dá nem um passo mais além
Pois de trás para frente nada vem
O que foi já não é e nem será
E da frente pra trás, ninguém irá
Desfazer o que fez, certo ou errado
Vou deixar este canto abandonado
Para sempre do jeito como está

Me esparramo ao relento, o chão é torto
Canta um grilo escondido e mais ninguém
Vou dormir neste abrigo que só tem
Sede, fome, sujeira, desconforto
Pra sonhar que acordei de um sonho morto
No quintal de uma casa onde eu podia
Não correr contra o tempo enquanto via
Teu sorriso indo e vindo num balanço
Sem voltar pra você eu não descanso
Minha casa é você e eu já sabia

Sim, pode me chamar

Pode Me Chamar
Eddie

Pode Me Chamar


Pode me chamar que eu vou....eu vou
Quando me quiser eu vou.....olha que eu vou, eu já tô ai

Sem muita coisa pra levar
Sem quase nada pra fazer
Sem muita coisa pra dizer
e pra começar...

Pode me chamar que eu vou....eu vou
Quando me quiser eu vou.....olha que eu vou, eu já tô ai

Você vai cair na festa
Você vai cair na festa
Você vai cair na festa com toda alegria que poder levar
Você vai cair na festa com todos os planos por todo lugar
Você vai cair na festa
Você vai cair na festa

Tou pensando no canto da sereia

Canto Da Sereia
Orquestra Contemporânea de Olinda

Eu vi a sereia cantar
A melodia era triste
E me fez chorar

Sereia
Sereia, minha sereia
Pode passar, minha sereia

Era triste a noite
Eu tristonho a pensar
Ai, no meu drama de amor
Me consolava com o mar

Daí aquela sereia
Sem sentir meu amor
Com seu cantar muito triste
Aumentou minha dor

Sereia, sereia, sereia do mar

Dorival, vai não!

Dorival - Academia da Berlinda

Dorival, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Dorival, vai não, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Isso me destrói
Cê vai, meu coração dói
Você verá que irei voltar
Você, razão do meu mar
Paixão do meu aconchego
Cê chega, me chama de nega
E eu só te peço, meu nego

Val, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Chorei
Pensando que nunca mais fosse te ver novamente
Chorei
Com medo de tubarão
Das grandes ondas, e do canto da sereia

Voltei
Mais uma vez voltei pra teus braços
Tenho corpo fechado
Minha vida é o mar

Voltei
Mais uma vez voltei pra teus braços
Tenho corpo fechado
Minha vida é o mar

Dorival, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Dorival, vai não, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Isso me destrói
Cê vai, meu coração dói
Você verá que irei voltar
Você, razão do meu mar
Paixão do meu aconchego
Cê chega, me chama de nega
Eu só te peço meu nego

Val, vai não
Tá cheio de tubarão no mar
Val, vai não
Arranja um emprego no chão

Chorei
Pensando que nunca mais fosse te ver novamente
Chorei
Com medo de tubarão
Das grandes ondas, e do canto da sereia

Voltei
Mais uma vez voltei pra teus braços
Tenho corpo fechado
Minha vida é o mar

Voltei
Mais uma vez voltei pra teus braços
Tenho corpo fechado
Minha vida é o mar

É o mar
Que sempre vai dar de comer
É o mar
Que sempre vai dar, quem vai dar

É o mar
Que sempre vai dar de comer
É o mar
Que sempre vai dar, quem vai dar

O mar
O mar



aconchego - proteção, acolhimento, amaparo fisico